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O
nome do rapaz era Antenor. Era caminhoneiro.
Pediu
que eu entrasse no caminhão. Que íamos para casa. Eu, atônita, entrei, muda.
Rodamos muito. Paramos. Comemos. E continuamos rodando. Eu sempre muda.
A
um certo tempo, do nada, ele disse que estávamos passando por Minas Gerais. Não
me perguntou nada. Apenas ia falando por onde estávamos. E eu só ouvindo. E
assim, passaram-se alguns dias. Não me lembro quantos.
Percebi
quando entramos em uma cidade muito iluminada. Diferente de tudo o que eu havia
visto. Muita gente, muitos carros. Meus olhos não conseguiam parar. Era muita
coisa para olhar ao mesmo tempo.
E
ele disse: - São Paulo.
Dentro
dessa cidade ainda andamos um tempo. Ele estacionou, parou e disse que havíamos
chegado em casa. Outra vez me sumiu o ar. Pegou na minha mão e foi me puxando
portão adentro.
Já
lá dentro, encontramos uma senhora e uma menina na cozinha. A senhora era Dona
Candinha, que sem ao menos me conhecer me dirigiu pela primeira vez na vida um
sorriso terno. Não me lembro de ter visto minha mãe sorrir assim. Era uma
senhora de uns sessenta e poucos anos, com os cabelos bem branquinhos,
arrumados em um rabo de cavalo.
A
menina era Cecília. Cinco anos mais nova do que eu. Olhava com ar de surpresa.
Tinha uma pele bem clarinha, e os cabelos escuros, com cachos bem ajeitados.
Usava um conjuntinho escolar.
Antenor
logo disse que eu seria sua esposa. E cada vez que escutava isso eu pedia o ar.
Não consegui ver a expressão nem de Dona Candinha, nem de Cecília ao ouvir essa
notícia. A vergonha me impedia de levantar a cabeça, de olhar ao redor.
Demorou
alguns dias até eu me acostumar com isso, com as novas pessoas. Dona Candinha
sempre foi um doce de pessoa. Sempre feliz, sempre sorridente. O que fazia me
lembrar de minha mãe, não sei a razão, mas fazia.
Antenor
tinha uma casinha nos fundos do terreno da mãe. Eram só dois cômodos, como a
casa do meu pai. Porém, tinha muito mais conforto. Paredes rebocadas. Tinha
cama.
A
primeira vez que eu dormi em uma cama foi na casa de Dona Candinha. Estava frio
e ela me deu um cobertor. Nunca tinha visto um. Mal conseguia dormir na cama.
Parecia muito dura pra mim. Na casa
do meu pai, só ele tinha cama. Os filhos dormiam na rede.
Nas
semanas seguintes apareceu muita gente pra
me ver. Queriam saber sobre tudo: de onde era; quem era meu pai; minha mãe; até
sobre virgindade ouvi perguntarem. Quem respondia era Antenor.
Eu
ainda estava perturbada com toda essa novidade, com todo aquele povo.
...
...
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